4. You Make Me Love You - Capítulo 1

Mudanças

Música do capítulo: Breakeven - Megan and Liz (cover) 
                                                       
                                                     (2 meses e meio depois...)                              

Belieber’s POV
   Deixei o jato d’água que saia da torneira continuar caindo pelas minhas mãos, mesmo sabendo que já havia terminado de lavar o que eu sujara ao preparar o café da manhã. Eu não costumava fazer isso, mas acordei mais cedo do que de costume, o que significava que eu precisava me distrair de alguma forma e, a melhor em que pude pensar foi em pelo menos parecer útil.

   Desliguei a torneira rapidamente, ainda concentrada na visão que eu tinha pela janela da cozinha. O jardim que se estendia do lado externo da casa deveria ser bastante reconfortante, embora eu tivesse passado mais tempo ali em um único mês do que nos últimos anos. Aliás, todo esse clima de estar novamente naquela casa, no Canadá deveria ser agradável, mas não parecia, na verdade. Talvez o problema fosse comigo. E é claro que esse “talvez” era uma gentileza, porque estava mais do que óbvio que eu era o problema ali há muito tempo.

   - Bom dia, menina pensativa!

   A voz que soou de repente, junto com o abraço que me envolveu por trás, me surpreendeu ao ponto de eu soltar um pequeno grito acidental. Minha reação fora completamente impulsiva, já que eu conhecia bem aquele tom doce e brincalhão, o qual chegava a ser uma melodia para mim, no momento.

   - Bom dia, Chaz! – miei, virando-me para ele.

   Chaz era o único amigo de Justin que ainda permanecia ali, mesmo após muito tempo. Muitos realmente demonstraram sua preocupação, tanto na época que ele passou no hospital, quanto nas últimas semanas, já em casa. Bons exemplos disso eram Caitlin e Christian, que ficaram alguns dias aqui, mas tiveram que ir por terem coisas a resolver no país vizinho – a primeira pareceu um pouco consolada pelo fato de seu namorado poder permanecer. Ryan também fazia parte desse grupo de pessoas, mas havia partido há muito, muito tempo por ótimas – repito, ótimas – razões.

   Porém, com os amigos famosos era mais complicado. Eles apareciam uma vez ou outra para uma visita de duração mais rápida e ainda assim preocupada, mas a agenda lotada era um enorme empecilho nesse caso. Provavelmente, as pessoas desse meio que ficaram mais tempos por aqui foram Alfredo e Selena. A última inclusive havia sido bastante agradável comigo durante o tempo permanecera por perto. No começo, me pareceu indescritivelmente estranho, forçado, mas talvez – como a primeira vez que tivemos uma conversa de verdade – esse jeito de ser sempre extremamente gentil fosse natural dela.

   - Então, o que temos para hoje? – perguntou Chaz, caminhando até a mesa prontamente arrumada – Hum... Bolo de chocolate com cobertura? Interessante! Diga-me, (Seu nome), quanto tempo faz desde a última vez em que você esteve com seu personal trainer... Ou mesmo foi a academia, hein?
   - É impressão minha ou você está me chamando de gorda? – minhas sobrancelhas se arquearam, enquanto eu controlava minha mão para que ela não fosse de encontro ao braço dele.
   - Não, não. Jamais... – falou, depressa.

   Fingi acreditar no seu desespero, enquanto deixava a incomum paranoia com o meu corpo me dominar, fazendo com que eu me olhasse de cima a baixo, procurando algo incomum, mas felizmente(?), não havia nada fora do usual. Pelo canto do olho, notei Chaz se afastando de mim, no exato momento em que eu me preparava para começar o discurso de como ele estava errado. Aparentemente, sua atenção já estava completamente retida pela mesa que eu ainda não tinha terminado de arrumar.

   - E então, será que a panela com a qual você fez essa cobertura ainda está aí, esperando por mim para que o finalzinho desse chocolate não seja desperdiçado? – recomeçou Chaz com a típica cara de criança levada.
   - Ah, não. – admiti, com uma pontada de culpa – Eu já lavei tudo. Sinto muito!
   - Ok, agora sim, eu posso dizer... Eu te odeio e espero que esse bolo te faça explodir! – ele fez um biquinho forçado.
   - Nossa, que menino malvado você é! – dissimulei uma mistura de choque e braveza, mas era difícil não rir.
   - Eu sei, eu sei... Você deveria ter cuidado comigo!
   - Escuta aqui, garoto mau... Se você prometer se comportar direitinho e me ajudar com o resto das coisas aqui, talvez, eu pense em um jeito de te recompensar mais tarde!
   - O que devo fazer? – a expressão dele se iluminou em um único minuto.

   Ri, antes de separar algumas frutas para ele cortar, enquanto eu pegava os copos do armário e os distribuía cuidadosamente pelos lugares da mesa. Tentei não me importar com a profunda confusão em seu rosto ao executar aquele trabalho são simples. Na realidade, eu praticamente ignorei o fato de que agora eu tinha companhia e continuei fazendo tudo com a mesma naturalidade melancólica de antes.

   Eu estava pegando a jarra de suco de laranja e a caixa de leite na geladeira, pronta para colocá-las na mesa, quando percebi Chaz parado, encostado na bancada me fitando. Em cima desta, pude ver três pratos médios cheios de pedaços de diferentes tipos de fruta. Suspirei, ao notar o quão lerda eu poderia ser para fazer algo.

   - Eficiente você, hein? – falei, surpresa.
   - Eu sei que sou! – suspirou ele, voltando a prestar atenção nas frutas – Mas... Por que motivo exatamente você me pediu para fazer isso? Quem vai preferir frutas quando há um maravilhoso e convidativo bolo de chocolate em cima da mesa?
   - Talvez eu queira, ok? – respondi, presunçosa – Eu até poderia preferir o bolo, mas não depois de você ter jogado a sua macumba básica em cima da minha obra culinária... Eu gosto muito de viver e não sinto a menor vontade de explodir, ok?
   - Isso é sério, (Seu nome)? – Chaz riu, como se eu estivesse dizendo alguma besteira – Era só brincadeira! Se quiser, eu até retiro o que disse. Você não vai mais explodir se comer a bomba de chocolate...

   Dei de ombros para sua brincadeira, deixando claro que suas palavras não me atingiriam mais de jeito nenhum. Eu não me importava mais como que ele dizia, afinal, nada do que saísse da sua boca poderia fazer com que eu colocasse qualquer pedaço daquela bomba para ser digerido por mim. Mesmo que estivesse com uma aparência tão perfeitinha, que me dava até um certo orgulho de saber que havia sido feito por mim.

   Já estava me preparando para voltar minha atenção para meus afazeres, quando Chaz saiu de seu canto e retornou à mesa, pegando nesta um dos pratos, um garfo e uma faca. Sem qualquer tipo de cerimônia, ele fincou a última no meio do meu querido doce e destroçou o pobrezinho, cortando um pedaço dele, sem ao menos me perguntar “Ei, (Seu nome), será que eu poderia destruir todo o trabalho que você teve para fazer uma refeição bonita para a gente?”.

   Criei milhares maneiras de protestar contra a sua atitude, enquanto ele transferia o pedaço que havia cortado para o prato que segurava. Ele colocou um garfo no mesmo e andou lentamente até mim. Como se já não tivesse sendo abusado o suficiente, Chaz ainda teve a coragem de colocar aquela convidativa fatia de bolo bem na minha frente, me tentando. Observei, me esforçando para manter o alto controle, quando ele pegou um pedaço menor com o garfo e o levou em direção a minha boca.

   - Olha o aviãozinho! – falou, como se eu fosse uma criança.

   Permaneci de boca fechada, ignorando a enorme vontade que eu tinha de lhe responder um palavrão bem mal criado. Eu sabia bem que na primeira oportunidade, Chaz enfiaria aquele pedaço de paraíso explosivo dentro da minha boca e, é claro, uma vez que meu paladar tivesse contato com o chocolate em excesso, eu não seria capaz de jogá-lo fora. Embora não fosse fácil admitir, eu era mais fraca do que eu pensava.

   - (Seu nome), não seja mal criada! – ralhou, fingindo uma reprovação – Não tente negar, porque nós dois sabemos que você está louca para provar esse bolo. Eu aposto que está delicioso!

   Balancei a cabeça negativamente e, em seguida, continuei a encará-lo com uma careta tão feia que tinha que assustá-lo de alguma forma. Mas o resultado não foi tão satisfatório. Chaz continuou com o garfo bem pertinho da minha boca, me fitando de modo insistente, apenas esperando pelo momento em que eu, em fim, fraquejaria.

   - Você sabe que se não abrir essa boquinha linda, nós vamos ficar aqui para sempre, não sabe? – provocou mais uma vez.

   Desisti. Era óbvio que ele não estava blefando, já que nós dois não tínhamos mais qualquer ocupação durante o dia. Sem enxergar outra saída, abri minha “boquinha linda” e, então, em um segundo, esta foi preenchida por um dos meus sabores favoritos no mundo. Por um momento, extremamente longo e desnecessário – mas, ao mesmo tempo, delicioso –, até me esqueci de onde e com quem estava.    

   Porém, assim que ingeri o pedaço em minha boca, saindo do meu transe temporário, notei um sorrisinho descarado voltando a preencher a expressão travessa de Chaz. Senti uma pequena vontade de esfregar o restante do que estava no prato no rosto do garoto bobo à minha frente. Ainda assim, o meu lado “preocupação com a imagem” não estava funcionando tão bem quanto há alguns minutos, o que me impedia de desperdiçar qualquer tipo de doce.

   - Então, vai querer as outras garfadas que ainda faltam ou sou eu que terei que lidar com isso? – Chaz riu, se afastando aos poucos.
   - Me dá isso aqui! – resmunguei, tomando o prato de suas mãos e me dirigindo à bancada – Irá servir como recompensa por sua chatice. Aliás, eu não lembrava que você era tão bobo assim antes, sabia? O que aconteceu, de repente, para você ficar assim, hein?
   - Nada em especial! Mas... Eu passei a ter a necessidade de te ver sorrindo. E, desse jeito, sendo bobo, eu pareço obter resultados.

   Emudeci.
 
   Chaz tinha conseguido atingir meu ponto fraco: o coração – que, nos últimos meses, estava parecendo mais fraco do que nunca. E, como se não fosse o suficiente para me fazer estremecer, esta era uma parte de mim que há muito tempo ninguém ousava se aproximar ou, ao menos, me fazer sentir como se ela ainda existisse ou como se ainda valesse a pena lembrar que ela poderia fazer mais do que simplesmente bombear sangue para o resto do meu corpo.

   - Você acha que eu não sei que quando você fica assim, pensativa, na verdade está apenas enchendo essa sua cabecinha de minhocas que querem apenas te confundir? – continuou ele, coberto de razão.
   - Quisera eu que essas minhocas que me confundem estivessem apenas em minha cabeça e não na realidade...
   - (Seu nome), você precisa ser paciente!
   - Eu estive sendo paciente... Durante todo esse tempo. – rebati.

   Sem ter muita coisa para dizer que pudesse fazer com que eu parecesse menos patética, Chaz apenas me abraçou por trás, por um longo minuto. Sua respiração batendo em minha nuca me fazia cócegas, mas não seria por isso que eu me afastaria da única pessoa que parecia ainda se importar comigo. Assim, refiz minha expressão e meu humor, tentando não aparentar tanta melancolia.

   Com calma, me virei para Chaz, que ainda mantinha as suas mãos em minha cintura. Eu já estava com um sorriso mal formado no rosto, que com certeza não estava servido para enganá-lo, assim como eu esperava. Em mais outra tentativa de camuflar a minha agradável falsidade, cortei mais um pequeno pedaço de bolo no prato que ainda estava em minha mão e levei-o até a boca de Chaz, esperando que ao menos aquilo fizesse parecer que eu já havia esquecido minhas últimas palavras.

   - E, então, está bom? – perguntei, largando o prato na bancada, antes de prestar atenção em sua reação.
   - Maravilhoso. Aliás, se aquilo que eu falei sobre explodir ainda tivesse valendo, eu provavelmente não me importaria em virar um milhão de pedacinhos se isso significasse que eu poderia continuar comendo...
   - Você é tão exagerado! – ri, de verdade, dessa vez. – Mas, mudando de assunto, você sabe onde está Pattie?
   - Para dizer a verdade, não. Eu acho que ela deve estar dormindo ainda...
   - Bom, não é menos do que compreensível! Ela tem estado tão preocupada desde que tudo aconteceu, que acho que só agora está se acostumando com as coisas voltando ao seu lugar habitual...
   - É, não foi fácil para ela também... – um suspiro pesado preencheu a pequena pausa.
   - E quanto ao...

   Antes que eu pudesse ao menos terminar o meu raciocínio, um leve riso ecoou pela sala, seguido por uma voz doce entrecortada por mais risadas. Suspirei, levemente nauseada, enquanto me desvencilhava do abraço de Chaz delicadamente e voltava a fitar o jardim pela janela, me esforçando para fazer com que barulhos externos aos meus pensamentos não me atormentarem. Apesar de aquele ser um som tão familiar para mim, não tinha sido o meu preferido nas últimas semanas.

   Me assustei quando uma mão entrou em contato com a minha, posicionada despretensiosamente sobre a bancada. Os dedos de Chaz continuaram a subir devagar, acariciando a pele do meu braço, enquanto ele me fitava de forma doce e preocupada. Retribui o olhar, apenas para buscar algo em que eu pudesse apoiar o meu emocional, como eu estivera fazendo durante um longo tempo. Mas, agora, tinha se tornado diferente. Há poucas semanas, era mais fácil mentir para mim mesma dizendo que era algo passageiro, porém a única coisa que passava era o tempo, que fazia questão de me manter naquela situação.

   Subitamente, a porta da cozinha se abriu, me assustando, embora eu já devesse esperar por isso. Manuela entrou correndo e ainda rindo, mal conseguindo se controlar. Dava para notar o modo como seu rosto já começava a ficar ligeiramente mais rosado. Seria uma cena bem meiga, se não fosse – é claro – pelo fato de que ela estava sendo seguida por Justin. Este também estava com um sorriso enorme estampado em seu rosto. Era como se os dois estivessem curtindo algum tipo de momento de humor particular.

   - Eu não vou desistir assim tão fácil... – a voz dele ainda soava tão bonita quanto todas as outras vezes.
   - Então, é melhor você ser mais rápido, sabia? – falou Manuela, sem parar e se virar para ele – Com essas pernas lerdas você nunca irá conseguir. Aprenda, Justin... Ninguém nunca ganha de mim, quando se trata de corrida!

   Foi no exato momento em que minha melhor amiga terminou a frase que Justin a alcançou, segurando-a pela cintura. Nenhum dos dois tinha ao menos notado a nossa presença, quando o meu... ex-namorado fez com que Manuela ficasse de frente em uma fração de segundo. E, desse jeito, toda a ilusão de uma boa manhã foi por água abaixo, enquanto eles iniciavam um beijo tão intenso e apaixonado, que, para mim, parecia uma forte tapa na cara ou, talvez, um soco no estômago... A sensação era a mesma!

   Senti minhas mãos se apertaram involuntariamente em algo. Após um longo minuto, notei que eu estava agarrando o braço de Chaz com uma força exagerada e, então, soltei-o rapidamente, porém as marcas dos meus dedos já haviam se gravado ali. Tentei sussurrar um pedido de desculpas, mas o olhar dele deixava claro que não era necessário. Eu não sabia o porquê, mas também não importava. A única coisa realmente importante nisso era o quanto eu tinha que ser grata por ter Chaz nesse momento. Ele era o único que fazia um esforço para me entender, mesmo que não fosse seu dever.

   Como mais um método de autotortura, continuei observando enquanto Justin continuava a segurar a cintura de Manuela, pressionando o corpo dela com o seu. Já aquela, que eu chamava de amiga, mantinha as mãos na nuca dele e acariciava suavemente seu cabelo. Sinceramente, parecia ser um momento tão despretensioso e simples que poderia ser facilmente comparada com uma cena de filme. O único problema é que aquele roteiro deveria ser o meu...

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Primeiro capítulo da quarta temporada!
  Então, primeiro de tudo, eu queria saber se vocês gostaram desse primeiro capítulo e esclarecer que todas as dúvidas e perguntas que vocês devem estar se fazendo serão explicadas ao longo dos próximos capítulos. Fiquem tranquilas, porque eu não gosto de deixar buracos em histórias, então tudo será explicado devagar. Mas, por enquanto, eu espero que vocês estejam gostando. Além disso... O blog mudou um "pouquinho" hahahah Gostaram? Então, eu tentei manter as mesmas cores, porém inverti a ordem delas. Eu só queria mostrar para vocês como poderia ser, porque aquele estava com o fundo preto há mais de um ano. Mas, você podem votar no modelo que mais preferirem na enquete aí do lado. Obrigada! :) (Ah, se eu fosse vocês, passearia um pouquinho pelas páginas no blog, porque eu mexi em tudo dessa vez!)
  E, em segundo lugar, eu queria me desculpar. Desculpar porque eu tinha vários planos para o começo dessa temporada (como dar pistas e spoilers no twitter e movimentar a page do blog no fb com tirinhas relacionadas a isso), porém eu simplesmente sumi nesses últimos dias. Bom, a verdade é que eu estive (e ainda estou, aliás) em um climinha bem :c. Sabe aquela vontade de guardar todos os sonhos em uma caixa e não voltar a abrir? Então... Mas eu realmente acho que eu precisava me explicar com vocês, porque além de leitoras, vocês são minhas amigas e eu sempre deixo claro que vocês podem contar comigo para qualquer coisa. Então, eu me sinto meio mal em sumir assim e, sei lá, alguma de vocês precisar de mim. Enfim, me desculpem, amores!

   Mas, por hora, espero que tenham gostado do capítulo!

PS: A imagem do post é da Emilie.
PSS: Em relação à música, bom, só para vocês entenderem. A maioria dos versos se referem à Manuela, porém o refrão está relacionado ao Justin.